Após anos sendo crucificada pelos fãs
de tokusatsus por ter causado transtornos com erros nos tão
aguardados lançamentos de Jaspion, Changeman, Jiraiya, Jiban, Flashman e
demais, a Focus Filmes resolveu tentar limpar seu nome com o RELANÇAMENTO de
"Jiraiya, o Incrível Ninja".
No caso, nos citados acima, os erros da
distribuidora foram com relação apenas a Jiraiya e Changeman
(e deslizes nas vinhetas de Flashman), cujos episódios (alguns) traziam imagem
da TV japonesa (inclusive com o logotipo da Toey Company no canto da tela) e
gafes nas legendas e áudios. Uma legião de fãs indignados resolveu não comprar
os DVDs na época (junho de 2009), esperançosos em um dia as devidas correções
acontecerem.
O tempo foi passando e tudo que a
distribuidora fez foi extinguir as latas e os brindes e relançar os títulos em
embalagem digistak contendo a coleção completa (em 10 DVD`s),
todavia a mesma versão defeituosa. Anterior a isso se teve outra edição em
caixa dupla (e desnecessária), que dividia as séries em duas temporadas: na
caixa 1 vinham dois discos e na caixa 2 vinham três discos, como foi o caso de
Jaspion, Changeman e Jiraiya.
Afonso Fucci, um “dos cabeças” destes
lançamentos no Brasil (juntamente com Ricardo Cruz), costumava jogar água fria
e tirar as esperanças dos colecionadores quando em suas entrevistas se falava
em recall.
Mas em 2014 a espera valeu a pena
(valeu foi a galinha toda!), pois a Focus anunciou para fevereiro o
relançamento de Jiraiya, que atualmente já pode ser encontrado nas lojas. E a
capa da embalagem trás explicitamente, sobre uma faixa vermelha, a
especificação “Novos vídeos, legendas e áudios”.
Considerando o desleixo da empresa com
seus títulos, esta nova versão vem agradando muita gente no que diz respeito à
imagem e às legendas (não mais embutidas, agora selecionáveis). A imagem veio
no contraste certo, capaz de encher os olhos da Geração Manchete que chegou a
vê-los com imagem chuviscada em antenas com palha de aço na ponta.
Mesmo assim alguns deslizes ainda
ocorreram como na arte dos menus e da embalagem. Os menus são padrões em todos
os discos (contudo traz uma animação muito interessante). Quanto à embalagem,
essa merecia mais atenção. No primeiro lançamento a lata (que comportava as
duas lindas digistak`s mais brindes) era belíssima e bem
trabalhada. Mas aqui o vírus da pressa e/ou preguiça parece ter infectado o design gráfico
da Focus, pois tudo se fez foi “aconchegar” fotos dos personagens e textos
informativos sobre um fundão totalmente preto. Na traseira não tiveram nem o
trabalho de pôr o clássico texto com a ficha técnica de produção e elenco. A
contracapa traseira interna (atrás da última “página” de discos) veio toda
preta. Pelo menos uma imagem ali ajudaria a camuflar um pouco o descaso. E este
chega a tanto que a sinopse no verso quase teve seu letreiro cortado (ficando
muito em cima) por mau enquadramento. Abaixo da sinopse, um espaço exagerado
foi tomado com cenas simples formando uma “escadinha”, o que poderia ter sido
ocupado com uma arte mais elaborada (não necessariamente excluindo cenas) e um texto
introdutório mais atraente.
Todo cuidado deve ser tomado ao
manusear a caixa, uma vez que a Focus não disponibilizou uma luva. Isso mesmo.
Temos apenas o “livreto” digistak sem luva, o que pode
acarretar na queda e quebra (trincadura) dos discos.
Os label`s (rótulos
nos discos) são os mesmos de antes. O áudio foi melhorado e não sofreu mais
cortes como em 2009, trazendo inclusive as famosas chamadas “Numa
distribuição TOP TAPE” e “Versão brasileira, Álamo”, para o delírio
dos mais exigentes (eu...). Inclusive o chiado do episódio 47 foi reduzido.
As legendas estão boas. Aparecem e
somem em um efeito de cross-fade, o que dá certo ar de elegância.
Nem enlatados norte-americanos vêm com esse recurso. A fonte é branca em
contorno preto e os nomes dos personagens e golpes seguem o padrão japonês e
não a tradução da dublagem brasileira.
Outro fato curioso é que o áudio em
português está mais acentuado que o japonês, mesmo ambos sendo 2.0. Os extras
seguem os da versão japonesa.
Espera-se agora que o grupo Focus /
FlashStar Home Vídeo trate com igual ética Changeman, outra série prejudicada
pela falta de revisão e excesso de pressa por vendas por parte das
distribuidoras de home vídeo do Brasil, que teimam em encarar como meros
produtos séries tão valorizadas pelos brasileiros.
Todavia é válido sim adquirir a nova box digistak de
Jiraiya. Foi um marco na vida de muitos brasileiros que na época não sonhavam
na possibilidade de um dia possuir todos aqueles episódios, e digitais
(vivíamos a era do VHS). Uma coleção como essa é, além de uma nostálgica e
emocionante experiência, um verdadeiro registro histórico de tempos de ouro da
nossa geração. Corre o risco em esgotar, como ocorreu à rara digipack de
Os Cavaleiros do Zodíaco – Fase Elíseos, lançada em 2009 pela PlayArte!